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Sillicon Valley

por Fulano de Tal, em 30.04.14

Um amigo nerd, de que gosto especialmente, chamou a minha atenção para uma série que estreou recentemente na HBO nos Estados Unidos. Trata-se de uma comédia sobre uma startup em Silicon Valley. Chama-se a série, aliás, "Silicon Valley".

Não há galãs, nem actrizes vistosas. Os personagens são todos eles nerds, programadores, wannabees da próxima Google. Não vestem com gosto, têm dificuldade em relacionar-se, especialmente com mulheres. Andam sempre em grupos de 5, sendo que um deles é obrigatoriamente um asiático, e outro um obeso com rabo de cavalo, e um terceiro com uma capilosidade estranha na cara.

Vestem T-Shirts com inscrições como: I know H.T.M.L (How To Meet Ladies) Excitam-se dizendo "I love Gullybit integrated multi-platform functionality! Yeahhh!"

Todos acham que vão transformar o mundo através da parvoíce em que estão empenhados "Hully isn't just about software. Hully is about people. It's about innovative technology, transforming the world, making the world a better place, through minumum message oriented transport layers."

Não é o tipo de humor que vá necessariamente agradar a toda a minha comunidade de amigos, mas seguramente a uma larga fatia, que vem do mundo do IT.

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Noé

por Fulano de Tal, em 13.04.14

Acabo de ver o “Noé”, com o Russel Crowe. Avanço já com a crítica: não dei por bem empregues os 8 Euros, as pipocas e o Sumol. No essencial o filme, a cada passo, deixa uma porta aberta à ambiguidade.

Alguns exemplos:

1. A Jennifer Connely é o arquétipo da mulher da antiguidade?

2. Tudo isto se passa antes de Cristo ou depois de Cristo?

3. O Matusalém opera um milagre. Então mas agora toda a gente opera milagres?

4. Qual o papel de Jafet nesta história?

5. O vilão, já dentro da arca, mata pelo menos dois animais. Estas espécies extinguem-se? Um dos animais parece um antílope (sou o único a achar isto estranho?)

6. Ainda o vilão. Como é que aparece dentro da arca? Então esta não era inexpugnável? Foi através daquele buraquinho pelo qual posteriormente espreita o exterior?

7. Como é que 2 primas e 2 tios darão continuidade à espécie humana sem problemas de consanguinidade?

8. O próprio conceito de “dar uma segunda oportunidade” à espécie humana é intrigante. Deus não tinha então um plano infalível? Vai tomando decisões ao longo do percurso?

9. Como é que o Heldon marca um golo? (ah, espera, isto não tem a ver com o filme, mas com o facto de o Sporting estar a jogar à mesma hora)

10. Quando Matusalém brinca com o bisneto Sem, é claramente uma Torre Eiffel que ele simula com a corda. Espera… uma Torre Eiffel? Mas Gustave Eiffel não aparece apenas um bom par de milénios mais tarde?

11. Quando todos morrem à fome há quem troque virgens por comida. Qual o propósito?

12. Já no fim, Noé embebeda-se com um líquido vermelho. Tratar-se-á do milagre da vinificação? De onde aparece este precioso néctar? O incorruptível Noé tinha afinal construído uma arca com uma pequena adega?

 

São demasiadas as perguntas.

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Pelotão de idosos

por Fulano de Tal, em 01.04.14

Estação de Serviço de Santarém (A1) 9:14, do dia 1 de Abril de 2014

Aquilo que deveria ter sido uma reconfortante pausa para café. Apercebo-me tardiamente da presença deles, e acabo por entrar na cafetaria no meio de um pelotão de septuagenários que, tão subitamente quanto as suas várias artroses lhes permitem, irrompem pelo estabelecimento em fúria, saídos de um pesado de passageiros em trânsito para não sei que destino geriátrico.

A fila caótica que se gera para o pré-pagamento dos consumos é difícil de descrever. Os idosos são incapazes de respeitar uma fila, e na proporção inversa, eu sou incapaz de os desrespeitar a eles. Pelo que me calo cobardemente, enquanto se plantam à minha frente, indiferentes à minha presença.

Sou invisível, exceto para me sorrirem depois de dizerem em voz alta a sua última chalaça, como que a garantir que os ouvi, e que lhes credito a pilhéria.

Enganam-se nos pedidos. Enganam-se nos trocos. Pedem e pagam tortas, mas são incapazes de se decidir entre duas opções: com ou sem chocolate. Hesitam entre açúcar ou adoçante. Querem conversar e sorrir para as empregadas. Conversam entre eles enquanto aquelas, pacientes, esperam pela nota de 10 Euros que teima em sair-lhes das mãos.

Busco em mim a última réstia de paciência para também eu esperar pelo trespasse da nota. Ocupam as mesas todas em algazarra, o que deita por terra o meu plano de me concentrar na resposta a alguns emails que chegaram durante a manhã. Acabo por selecionar uma daquelas mesas de pé alto, e fico a observá-los. Há os que bebem cerveja, desafiando as últimas descobertas científicas sobre a longevidade. Há os que usam aparelho auditivo. Há muitas senhoras, mais senhoras que homens. Cabelos curtos mas volumosos, ligeiramente amarelados. Parece existir uma predileção por esta tonalidade capilar, e por aquele corte em particular, como se todas elas partilhassem o mesmo salão, o que porventura será verdade. Maquilhadas para engatar outros idosos, ou então apenas para se sentirem bonitas.

Dou por mim a pensar que são na realidade mais bonitas estas idosas, que a maioria das empregadas da estação de serviço.

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